Um dos 27 novos senadores eleitos para um mandato de oito anos, com um total de 1.734.794 votos, o ex-prefeito de Lages, Raimundo Colombo, concedeu esta semana entrevista exclusiva à Assessoria de Imprensa da Associação dos Municípios da Região Serrana (Amures). Ele reiterou que será um senador essencialmente municipalista. Tido hoje, como a maior liderança da Serra Catarinense, Colombo será convidado especial na assembléia de prefeitos em novembro, no município de Correia Pinto.
Há 20 anos a Serra Catarinense não elegia um senador. O último foi Dirceu Carneiro. Nascido em Lages, Colombo não apenas se elegeu senador. Mas fez a maior votação individual da história política de Santa Catarina. E, aos há 51 anos, debuta como um forte candidato à eleição estadual de 2010. Experiência política não faltará.
Ele já foi deputado estadual e federal. Presidiu várias estatais. Entre elas, a maior empresa pública de Santa Catarina, a Celesc e a Casan. Entrou para a história de Lages como o único prefeito com três mandatos. Foi o primeiro reeleito no município para um mandato consecutivo. E agora caminha para posse na 53ª legislatura do Congresso Nacional.
A solenidade será em primeiro de fevereiro de 2007, uma quinta-feira. Dia que Colombo herdará no Senado a cadeira ocupada atualmente por seu padrinho político, Jorge Bornhausen. Nesta entrevista, ele fala dos planos e de sua futura atuação política:
Amures: Porque não houve festa na sua maior eleição?
Raimundo Colombo : Não houve ainda. A missão não está cumprida por completo. Entendi que não era justo comemorar quando temos ainda o segundo turno da eleição pela frente. Seguimos agora na luta por Geraldo Alckmin, Luiz Henrique e Leonel Pavan.
Amures: A quê o senhor atribui a sua votação histórica?
Colombo : Sem duvida, a maior votação individual da história política do Estado nos deixa muito orgulhoso. Afinal, foi 1.734.794 votos, equivalente a 58,58% dos votos válidos. Isso significa acima de tudo, uma enorme responsabilidade. E devemos isso, ao especial momento político. Ao peso da aliança, a confiança do eleitor e o apoio dos prefeitos por onde passei.
Amures: A região serrana correspondeu dentro do esperado?
Colombo : A decolagem da votação rumo à vitória saiu daqui, com uma bagagem extraordinária: Em Lages tivemos 89,79% dos votos validos. Em Bocaina do Sul, 90,57% dos votos. Correia Pinto com 88,65%. Em Campo Belo do Sul 83,69%. Urubici com 83,65%. Em São José do Cerrito tivemos 81,52%. Em Curitibanos o saldo foi 81,02%. São Joaquim com 80,77%. Otacílio Costa também correspondeu com 76,92%. Em Alfredo Wagner 76,19%, e por ai a fora. O que demonstra que a região encampou nossa proposta. Quero corresponder à altura à todos aqueles que acreditaram na nossa proposta.
Amures : Isso significa que a Serra entendeu à nova força política?
Colombo : O Planalto Serrano, assim como às demais regiões do Estado, assimilaram e assumiram por inteiro a aliança e a integração das nossas forças partidárias em apoio a Luiz Henrique. Compreendeu que houve, desde o início, uma sintonia muito grande, entre Luiz Henrique, Leonel Pavan e eu. E isso tornou a adesão harmoniosa. Quero agora ser útil aos amigos prefeitos e aos que apostaram nesta proposta.
Amures : O senhor chegou a dizer que não tinha muito a ver com o Senado e que deixou a prefeitura para ser governador. O que o fez mudar?
Colombo : Disse mesmo. Eu estava mais habituado com o executivo e perseguia a indicação para o governo, que foi o motivo de minha renúncia da prefeitura de Lages. O quadro da política nacional e a importância do fortalecimento da candidatura de Geraldo Alckmin me fizeram rever esta aspiração. A partir desse momento em que o compromisso exigiu assim, me preparei para cumprir bem o mandato ao senado.
Amures : O que podemos esperar do novo senador catarinense?
Colombo : Sou municipalista por essência. Um senador que vai defender os interesses dos municípios e lutar por alterações no modelo de gestão nacional. Os municípios devem ser fortes. Eles hoje, infelizmente são o elo fraco da federação. E isso é um equívoco. No mais quero desenvolver em Brasília um trabalho à altura da tradição de Santa Catarina. E representar bem os mais de 1.7 milhão de votos que recebi.
Amures : Suas prioridades de mandato?
Colombo : Lutar por mudanças no atual modelo administrativo com ênfase aos sistemas político e econômico. É primordial a mudança da estrutura política, com adoção do voto distrital misto. O modelo vigente apresenta novidades negativas a cada dia, como a predominância da corrupção. Temos de ter coragem para mudá-lo, adotando o voto distrital.
Amures : Como o senhor analisa agora a proposta de descentralização?
Colombo: Nunca fui contra a descentralização. Apenas discordei de facetas da sua aplicação, do seu desdobramento. Tenho inclusive colocado isso a Luiz Henrique. Ele se mostra uma pessoa formidável e compreensível e me disse que está disposto a tratar da reengenharia e do aperfeiçoamento da forma. Ele tem falado de diferentes níveis nos organismos de implantação e manutenção da descentralização.
Amures : Que mensagem novo senador gostaria de dizer aos eleitores?
Colombo : Do fundo do coração, quero dizer que estou pronto e podem contar comigo. Que esse poder que me outorgaram será exercido com humildade. Quero honrar meu nome, da minha terra, do meu Estado e da minha gente. Quero poder dizer sempre, muito obrigado. E ter a certeza de que continuaremos juntos, porque a recíproca da votação que me creditaram será verdadeira.