Ambientalistas vão ao ministro Carlos Minc contra hidrelétrica de Pai Querê

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Ambientalistas vão ao ministro Carlos Minc contra hidrelétrica de Pai Querê

Ambientalistas gaúchos vão solicitar uma audiência com o Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, dia 16 de outubro, para tratar da licença ambiental da obra da Hidrelétrica de Pai Querê. A obra está prevista próxima à UHE de Barra Grande, no rio Pelotas (RS/SC), onde já foram inundados mais de 6 mil hectares de florestas, sendo mais de 2 mil constituídas por florestas com araucária."Vamos tentar desencadear um movimento para que não seja concedida a licença (LP) ao empreendimento, pois, do contrário, seria inundada uma área de 6.120 hectares, sendo 3.940 hectares de florestas, mais de 4 milhões de árvores nativas, 181 mil araucárias afogadas ou cortadas, perda de terras de mais de 200 famílias de agricultores, além do desaparecimento de dezenas de espécies animais ameaçados, principalmente peixes, endêmicos e exclusivos de corredeiras", diz o biólogo Paulo Brack, da ONG Ingá. Citando o Célio Bermann, da Unicamp, ele afirma que o país poderia reduzir em mais de 20% o desperdicio de energia, poupando florestas da inundação por hidrelétricas."Muitas cidades brasileiras possuem mais de 200 dias de sol, podendo aquecer a água que passa pelos nossos chuveiros elétricos. A troca de lâmpadas incandescentes por outras de menor consumo também ajuda. Sem falar que as construções deveriam prezar pelo máximo aproveitamento da iluminação natural, durante o dia", acrescenta Brack, professor do Departamento de Botânica da Ufrgs. Abaixo, carta das ONGs lançada durante o III Fórum Sobre o Impacto das Hidrelétricas, realizado este ano na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O Caso da UHE de Pai Querê – Rio Pelotas As entidades organizadoras e participantes do III Fórum sobre o Impacto das Hidrelétricas no Rio Grande – o caso da UHE Pai-Querê: Considerando: – que o projeto da Usina Hidrelétrica de Pai-Querê, no rio Pelotas, foi gestado durante a década de 70, em pleno regime militar, quando os aspectos ambientais eram desconsiderados; – que a ideologia do crescimento econômico infinito continua dominando as ações do governo brasileiro, apesar dos indicativos científicos da insustentabilidade ambiental desse modelo, como, por exemplo, os relatórios internacionais que mostram as alterações ambientais das mudanças climáticas associadas às atividades humanas; – os diversos avanços que ocorreram na legislação ambiental brasileira, nas últimas décadas, especialmente os dispositivos de proteção à Mata Atlântica, onde insere-se o referido projeto da UHE; – os desastres ambientais e sociais causados pela implantação da Hidrelétrica de Barra Grande, licenciada com base em um Estudo de Impacto Ambiental fraudado; – a biodiversidade única da região planejada para implantação da Hidrelétrica de Pai-Querê, situada em uma Zona Núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, em um trecho de mais de 80 km do rio Pelotas, onde ocorrem pelo menos duas dezenas de espécies endêmicas de peixes entre outros grupos de fauna e flora ameaçados; – o fato de que a implantação da obra em questão causará a destruição de 4 mil hectares de florestas, e morte de mais de 3 milhões de árvores, sendo pelo menos 180 mil araucárias – espécie ameaçada de extinção; – a importância histórica e cultural da área, onde se encontra o Passo de Santa Vitória, primeira alfândega entre os Estados do RS e SC, no Caminho das Tropas, da época colonial, bem como a relevância dos mais de 40 sítios arqueológicos que lá se encontram; – as centenas de famílias que seriam atingidas pelo empreendimento; – o fato de o EIA-RIMA da Hidrelétrica de Pai-Querê ser incompleto e tecnicamente inconsistente, segundo estudos de pesquisadores da UFRGS1; – o fato de terem sido emitidos pareceres técnicos contrários à implantação da obra pela FEPAM (RS), pela FATMA (SC) e pelo Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica do RS; – o fato de que a Hidrelétrica de Pai-Querê foi incluída no Plano de Aceleração de Crescimento (PAC) do Governo Federal, apesar de não ter estudos sérios de viabilidade e tampouco dispor licença ambiental, a exemplo de outras obras nesta situação, o que afronta a legislação ambiental vigente; – os estudos do Ministério do Meio Ambiente que apontam esta área do rio Pelotas como Área Prioritária para a Conservação da Biodiversidade e, mais recentemente, o projeto do mesmo ministério para a criação de um Refúgio de Vida Silvestre na área supracitada; – a presença da biodiversidade mais similar para a compensação da perda de mais de 5.700 hectares de florestas por Barra Grande, nesta porção do rio Pelotas; – que o empreendimento geraria pouca energia frente ao seu altíssimo custo ambiental, pois seus 292 MW equivalem à geração do Parque Eólico de Osório, no RS, quando duplicado, bem como a menos da metade da média das demais hidrelétricas já construídas na bacia do rio Uruguai. Requerem: – O indeferimento do pedido de Licença Prévia à Hidrelétrica de Pai-Querê, por parte do IBAMA; – A retirada deste projeto do PAC; – A implementação do Refúgio de Vida Silvestre proposto pelo MMA como corredor ecológico ligando os Parques Nacionais de São Joaquim e dos Aparados da Serra à região de Barra Grande Porto Alegre, 13 de março de 2008 Assinam Núcleo Amigos da Terra Brasil Ingá – Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais Instituto Biofilia ONG Mira Serra Associação de Mulheres e Ponto de Cultura Vitória Régia -Educação Ambiental e Economia Solidária, Igré – Associação Sócio-ambientalista

Fonte:

Boletim Úlitmas da Mata Atlântica nº 96
02/10/2008 – Rede Ongs da Mata Atlântica