Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal aponta que 40 milhões
ainda não têm saúde, educação e emprego de qualidade
O ÍNDICE Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), criado pelo Sistema
Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) para
acompanhar a evolução dos municípios, apontou que, em 2007, 31,4% dos
brasileiros, ou 57 milhões de pessoas, viviam em cidades de alto
desenvolvimento, enquanto 22%, ou 40 milhões, ainda não tinham serviços de
qualidade na educação e na saúde e nem acesso a um mercado formal de
trabalho estruturado.
No entanto, o País conseguiu reduzir o número de cidades de baixo
desenvolvimento, até 0,4 pontos, para apenas 0,6% em 2007, contra 18,25%
em 2000, primeiro ano de mensuração do índice.
Aumentou o processo de concentração de municípios com índices entre 0,6 e
0,8 pontos, migrados de faixas inferiores, o que mostra tendência de redução
da desigualdade entre os níveis de desenvolvimento das cidades. A média
brasileira do IFDM foi de 0,7478, 1,4% superior aos 0,7376 de 2006 e se
confirmando na faixa do desenvolvimento moderado. Em 2000, primeiro ano
apurado, a média nacional era de 0,5954 pontos, o que significava um
desenvolvimento regular.
Em 2000, apenas 30,1% dos municípios brasileiros apresentavam índices na
faixa de 0,6 a 0,8 pontos. Em 2006, o percentual saltou para 46,4%, passando
em 2007 para 51,3%. Apenas 19 municípios apresentavam alto
desenvolvimento em 2000. Agora, esse número é de 226.
O IFDM, que está na terceira edição, varia numa escala de 0 (pior) a 1
(melhor) para classificar o desenvolvimento humano, de acordo com dados
oficiais relativos a emprego e renda, educação e saúde. Os critérios de análise
estabelecem quatro categorias: baixo (de 0 a 0,4), regular (0,4001 a 0,6),
moderado (de 0,6001 a 0,8) e alto (0,8001 a 1) desenvolvimento humano.
Pela primeira vez, educação apareceu como área de desenvolvimento de maior
influência no desempenho do índice geral, enquanto saúde manteve a
trajetória de ascensão vagarosa. Emprego e renda foi a área que registrou
pequena acomodação.
Araraquara (SP) tem o melhor índice; Marajá do Sena (MA), o pior
No ranking municipal, em 2007, a liderança coube a Araraquara (SP), com
0,9349 pontos, e o menor índice, a Marajá do Sena (MA), com 0,3394 pontos.
Apenas três capitais figuraram entre os 100 primeiros colocados do ranking em
2007, o que mostra a continuidade do processo de interiorização do
desenvolvimento: Curitiba, Vitória e São Paulo, contra quatro em 2006. Belo
Horizonte deixou a lista.
Entre as capitais brasileiras, a liderança do ranking do IFDM 2007 não variou
muito em relação a 2006, com algumas trocas entre as primeiras posições:
Curitiba (0,8687) passou a ocupar o 1º lugar, que era de Vitória, agora em
segundo com 0,8669. São Paulo (0,8469) continua na 3ª posição. Campo
Grande (0,8351) deu um salto da 7ª para a 4ª posição, e Goiânia (0,8239), da
10ª para a 7ª.
Levando em conta os 100 primeiros municípios, entre 2006 e 2007, foram
observadas algumas alterações na presença dos estados. São Paulo manteve
81 municípios entre os top 100. Santa Catarina teve cinco, o Rio de Janeiro
passou de dois para quatro, e Minas Gerais aparece com três. Espírito Santo,
Mato Grosso e Rio Grande do Sul têm uma cada.
No ranking dos estados, São Paulo e Paraná são os únicos a registrar alto nível
de desenvolvimento. No entanto, 23 das 27 unidades da Federação (contando
o DF) melhoraram ou mantiveram seus índices. Por regiões, o Centro-Oeste se
destacou aumentando a presença entre os 500 melhores índices,
principalmente graças a Goiás. Já entre os 500 menores IFDMs 96,2% vêm do
Norte e do Nordeste. A Bahia continua com o maior número de representantes,
seguida do Maranhão, Pará e Piauí.
Quando se analisa os índices que compõem o IFDM, aparecem alguns
destaques. Em educação, por exemplo, a liderança absoluta é de São Paulo,
com 92 dos 100 primeiros colocados. O Paraná lidera em saúde, embora o Rio
Grande do Sul tenha nove municípios com a nota máxima (1) e 54 cidades
entre as 100 primeiras. Em emprego e renda, o Rio de Janeiro aparece em
primeiro, trocando de posição com São Paulo, agora em segundo.
Periodicidade anual, recorte municipal e abrangência nacional
O Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) foi construído para
atender a uma das ações propostas no Mapa do Desenvolvimento do Estado do
Rio de Janeiro, elaborado há três anos com a participação de mais de mil
pessoas entre empresários, técnicos e especialistas e acadêmicos de diversas
áreas. Todos os anos o IFDM é divulgado, e a sociedade pode acompanhar a
evolução do desenvolvimento.
O IFDM, referência no País, supre a inexistência de um parâmetro para medir o
desenvolvimento socioeconômico dos municípios e distingue-se por ter
periodicidade anual, recorte municipal e abrangência nacional. O mais bemsucedido
entre os demais indicadores, o IDH-M, criado pela Organização das
Nações Unidas, por exemplo, baseia-se em dados do censo demográfico,
realizado a cada 10 anos.
As fontes de dados do IFDM são oficiais e sua metodologia permite a
comparação quantitativa serial e temporal dos municípios analisados,
possibilitando inclusive a agregação por estados. A comparação entre
municípios ao longo do tempo mostra, com precisão, se uma melhor posição
no ranking se deveu a fatores exclusivos de um determinado município ou à
piora dos demais. A comparação absoluta de cada município permite medir se
as políticas públicas resultam em melhores condições socioeconômicas para a
população.
Os dados oficiais mais recentes que estão disponíveis, específicos para os
municípios e utilizados para medir as três áreas (emprego e renda, educação e
saúde) que compõem o índice, são de 2007. Em cada uma dessas áreas, os
municípios, capitais e estados do país podem ser comparados entre si no grupo
a que pertencem, isolada e evolutivamente. Em 2008, ano de sua primeira
edição, o IFDM foi calculado para 2000 e 2005.
Esta edição do IFDM traz, como no ano anterior, gráficos de dispersão da
variação. Esse gráfico é dividido em quadrantes e retrata a variação percentual
dos índices entre 2006 e 2007, distribuída conforme o patamar do índice
observado em 2006. Em um quadrante estão 1.938 municípios que já tinham
desenvolvimento de moderado a alto e registraram crescimento.
Em outro estão 1.139 municípios que, embora estejam na faixa de
desenvolvimento de moderado a alto, tiveram recuos. Há um terceiro em que
estão 1.807 municípios que, apesar de estarem classificados em nível de
desenvolvimento baixo e regular em 2006, apresentaram melhorias. E no
último estão 676 municípios de baixo grau de desenvolvimento que ainda
registraram piora em seus índices.
Fonte: Firjan/AMURES