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Lages decreta situação de emergência devido as chuvas

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     PASSADOS somente 43 dias do ano de 2011 a população de Lages já sofreu com seis enxurradas que provocaram alagamentos. A mais forte foi no fim de semana.
A Defesa Civil informou que 600 famílias foram atingidas e 150 ficaram desalojadas em 18 bairros, além de escolas e prédios públicos. Houve também deslizamentos nos bairro Beatriz e Santa Cândida e estradas do interior foram prejudicadas. Foi decretada situação de emergência.
Neste domingo (13) durante todo o dia as famílias tiveram trabalho para limpar as casas e ver o que sobrou de móveis e roupas. Moradores estavam indignados por mais uma vez serem vítimas da chuva. O casal de aposentados Ari Antunes de Oliveira (74) e Maria Leonir (62), moradores do bairro São Miguel, contam que desde novembro de 2010 a residência foi invadida pela água três vezes, mas o problema já dura cinco anos.
Emocionada, Maria desabafa: "A Defesa Civil vem aqui, mas queria que o prefeito (Renato Nunes de Oliveira) viesse para ele sentir a dor na carne". As ruas onde moram, Catulo da Paixão Cearense esquina com João Maria de Jesus estão entre as mais atingidas da cidade.
O coordenador da Defesa Civil, Cezario Flores, explica que faz o levantamento da situação e encaminha para as secretarias. "Algumas famílias o que vai resolver é a retirada delas, outras são necessárias obras de infraestrutura, como nos bairros São Cristóvão e Sagrado".
Na noite de sábado para domingo, alguns titulares de secretarias municipais acompanharam os trabalhos da Defesa, entre elas a secretária de Habitação, Anarita Locatelli, pasta responsável pela retirada das casas em área de risco.
Cezario informou que das 700 famílias em áreas de risco apontadas no levantamento de 2010, apenas 350 foram atingidas. Segundo ele, com a retificação dos rios Carahá e Caveiras diminuiu o número de famílias em áreas de risco. "Pelo que vimos hoje ( domingo) esse problema está resolvido", acredita.
Nesta semana começam os trabalhos de limpezas de rios, estradas e bocas-de-lobo e continua o auxílio às famílias. "Este ano estamos praticamente com uma ocorrência em cada semana, e com as chuvas constantes não está dando para trabalhar", explica Cezario. Ele espera que o município receba ajuda federal e estadual, já que o município decretou a situação de emergência, mas comenta que mesmo que isso não aconteça é preciso ajudar as famílias que foram atingidas. Além da Defesa Civil, trabalharam na retirada de famílias o Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e funcionários das Secretarias Municipais.

Secretário prevê obras para diminuir problemas

Ainda neste mês a secretaria de Obras promete encaminhar à Caixa Econômica Federal o projeto executivo para construção da avenida Ponte Grande, que vai beneficiar 13 bairros de Lages, entre eles, o Ferrovia, São Vicente e Caravággio que frequentemente são vítimas de enchentes e enxurradas.
Os recursos são do PAC 2. Após a Caixa analisar e liberar o projeto, será dado início ao processo de licitação da obra, que segundo o secretário, Arnaldo Moraes, deve iniciar este ano.
Outro bairro que sofre com alagamentos é o São Miguel, Moraes informa que foi entregue este ano para o governador do Estado um projeto para construção de uma galeria no valor de R$ 6 milhões.
O secretário explica que o projeto prevê o início da galeria na rua Roberto Carbonera, parte alta do bairro, até o Rio Ponte Grande. Segundo ele, isso resolveria todos os problemas de alagamentos em todas as ruas do bairro, mas não há previsão de quando o Governo do Estado dará uma resposta. Ele acrescenta ainda que a maioria das casas do bairro está em área de risco.

São Vicente

A Defesa Civil ficou a noite toda no bairro, auxiliando as famílias. Ontem foi dia de limpar as residências. Na rua Vendolino Wiggers, a Igreja Evangélica Assembleia de Deus foi invadida pela água, foi a segunda vez no ano.
A responsável pela Igreja, Nilva Fantoni (45) (foto), disse que pensa em alugar outra local. "Qualquer chuvinha entra água". A dona de casa Mariza da Silva (33) não precisou sair de casa, mas acordou assustada, a água quase entrou.
"Estávamos preparados para sair mas como nossa casa é um pouquinho mais alta que as outras não precisamos". O marido dela passou o dia ajudando um vizinho que teve a casa alagada.

No fim de semana choveu a metade do previsto para fevereiro

Na madrugada de domingo o volume de chuva chegou a 64 milímetros em Lages, segundo a estação meteorológica Climaterra. A boa notícia para os lageanos é que as chuvas vão diminuir na semana com a chegada do ar frio. As temperaturas serão mais amenas, com isso diminui a condição de chuva.

Para moradores obra faz água invadir suas casas

Moradoras da rua Sotero Rocha, no Passo Fundo, lamentam ter as casas invadidas pela água, apesar de morarem longe do rio. De acordo com elas, desde o fim do ano passado, depois que a obra das calçadas na rua foram concluídas, as famílias começaram a sofrer com as enxurradas.
"Quando chove a água invade as casas. É a água da chuva que não tem para onde ir", conta a dona de casa, Zilma Waltrik. Junto com a irmã, Vilma foi até a Secretaria de Obras.
"Estou há 57 anos e nunca tinha visto isso", afirma. O secretário da pasta, Arnaldo Moraes, disse que sabe do problema e que funcionários da secretaria já foram verificar. Ele não deu prazo, mas disse que está analisando a situação.

Passo Fundo

Mais uma vez o Rio Ponte Grande atingiu residências no bairro Passo Fundo. Levantamento da Defesa Civil aponta que 100 famílias foram atingidas. Hoje, a Secretaria de Meio Ambiente começa a limpeza do rio.
A principal rua do bairro, a Dejaime Joaquim Alves, foi a mais atingida. A dona de casa, Ana Paula dos Santos Neves (20), estava dormindo quando foi avisada pelo irmão que deveria sair de casa.
Há um mês no bairro, ela dormia com as filhas de 14 meses e dois anos quando foi surpreendida pela água. "Só deu tempo de sair para a casa vizinha. Acho que fiquei em estado de choque, a água dava na minha cintura, foi meu irmão quem levou minhas filhas", contou.
Ela, que já tinha poucos móveis, perdeu o fogão, o colchão e as cobertas. "Tinha pouco, nem geladeira, e perdi esse pouquinho. Estou triste, porque começava a conquistar as coisas e agora eu já perdi", lamenta. A casa dela é de uma peça apenas, e ontem foi dia de limpeza, assim como na Igreja Evangélica que fica ao lado.
Outra moradora da rua, a dona de casa, Luciana dos Santos (27), limpou a casa no domingo. "Não perdi muito porque a casa é de dois andares", explicou.
A maior preocupação dela foi com relação à creche Sepê Tiarajú que fica em frente e também foi invadida pela água. "As professoras, nem ninguém veio ver o que aconteceu".
Com a casa um pouco mais alta, apesar de estar ao lado do rio, a dona de casa, Jussara Camargo não teve a casa alagada, mas ficou ilhada por algumas horas.
Há seis anos morando no local aproveitou a oportunidade para reclamar de uma passarela que está quase caindo. "Já reclamei para a presidente do bairro, mas nada foi feito ainda, tem um rapaz com necessidade especial que passa todo dia por ela, é um perigo", conta.
Jussara diz que se pudesse moraria em outro lugar e denuncia que muitas pessoas jogam lixo no rio. "Às vezes passa sacola plástica com lixo, não sei de onde vem".

O que diz o vice-prefeito

Luiz Carlos Pinheiro disse por telefone na tarde de ontem, que ficou em contato com a Defesa Civil durante todo o fim de semana. Segundo ele, o que acontece em Lages, e não é diferente em todo o Brasil é a ocupação desordenada.
Ele não vê uma solução imediata, acredita que a retirada dessas famílias das áreas de risco seria uma possibilidade. "Já retiramos famílias e as áreas foram ocupadas novamente, não é simples realizar isso e demanda tempo e recursos", comenta.
Segundo ele, é preciso realizar obra de infraestrutura aliadas a políticas públicas de ocupação urbana, que é de obrigação dos governos. "Essa situação me deixa triste, são pessoas que com uma chuva mais forte deparam com a casa alagada".

São José do Cerrito

Alagamento no centro da cidade, mas que foi resolvido pela prefeitura que pediu ajuda à Defesa Civil de Lages, mas não foi possível deslocar pessoas para ajudar.