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Protesto fecha SC-458 por um dia em Celso Ramos

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     CANSADOS de esperar pela Secretaria Regional de Campos Novos e desacreditados numa solução a curto prazo, moradores das margens da SC-458, em Celso Ramos bloquearam a rodovia nesta sexta-feira para arrumar tubos num dos vários pontos, onde a água de um açude passa sobre a pista.
O protesto iniciou às 8h30min e prolongou até final da tarde. O objetivo foi chamar a atenção para as péssimas condições de trafegabilidade da rodovia, entre Anita Garibaldi e Celso Ramos.
Semana passada, o secretário regional de Campos Novos, Alcides Mantovani, informou que foi descentralizando R$ 313 mil do governo do Estado para recuperar a rodovia.
Mas só em 20 dias poderia ser contratada a empresa para recuperar o trecho de 16 quilômetros. A gravidade do problema é tamanha, que até com tempo bom há pontos inundados. Os moradores não acreditam mais na SDR de Campos Novos e querem que a jurisdição passe para a secretaria Regional de Lages.
Este trecho já pertencia à região da Amures e nunca ficou abandonada desse jeito. Agora passou para Campos Novos e nunca vimos situação pior. O abandono é completo, lembra o produtor rural, Wander Schons. Ele disse que a SC-458 é a artéria da economia de Celso Ramos e concentra mais de 90% dos habitantes.
Culturas como feijão, milho, fumo, soja, moranga, cana-de-açúcar, gado e principalmente leite, dependem da rodovia para ser transportadas. Sem contar que mais de cem crianças estão tendo aulas suspensas cada vez que chove. Também quatro ônibus que transportam operários da Perdigão e oito ônibus intermunicipais vivem o mesmo drama.
Os moradores apontam que o abandono e o descaso com Celso Ramos mostram que o município não tem a menor importância para o Estado. "Não sabemos mais a quem recorrer. E pior de tudo é que a SDR de Campos Novos e a de Lages brigam para fazer a manutenção da rodovia e nós ficamos no prejuízo, porque ninguém faz nada", desabafa Walter Schons. O bloqueio de tráfego foi realizado com uma restroescavadeira contratada pelos moradores.
Eles se cotizaram, compraram tubos, abriram vala e arrumaram um dos pontos críticos na localidade de Santo Antônio. Os moradores deixaram claro que o protesto não é um ato político e não tinha a intenção de prejudicar os usuários da rodovia.
Mas alertar da gravidade do problema. Por pouco, o ônibus do transporte escolar lotado de alunos não tombou mês passado ao tentar passar por um dos trechos caóticos da rodovia.
Por conta do bloqueio, vários caminhões carregados de madeira e produtos agrícolas ficaram parados. Os ônibus intermunicipais também entraram na fila e o que chamou a atenção foi que todas as pessoas, mesmo tendo de parar na rodovia, apoiaram a manifestação.
No final do ano passado os moradores suspenderam de última hora um protesto que deveria ter fechado a SC-458. Houve a promessa de recuperação pelo secretário regional.
Como isso não aconteceu até agora, os moradores decidiram fazer eles mesmos o serviço que é competência do Estado. Novos bloqueios podem ser feitos, segundo os moradores, caso o abandono persista.

Velocidade de 17 quilômetros por hora

Aqui tem buracos e pedras no acostamento esperando para vir para a pista. A declaração em tom ironia é do aposentado Albarino Carneiro, 68 anos. Ele nasceu e morou durante toda a vida na localidade de Santo Antônio e garante: nunca a SC-458 esteve tão abandonada.
O que mais ele sente, é que em caso de doença, a pessoa pode morrer na estrada pela demora da viagem. Para percorrer 17 quilômetros até Celso Ramos, demora quase uma hora.
Quem conhece bem esse drama é o produtor rural e empresário de agronegócio, Valdevino Graci. Dono de uma transportadora, ele colhe leite todo dia em mais de 60 propriedades.
Meus dois caminhões transportam em média quatro mil litros de leite. Não dá mais coragem para permanecer na atividade. É muito prejuízo, afirma. Além de pneus, molas e suspensão, até chassi quebram devido aos solavancos.
Só ano passado, Valdevino teve prejuízo de mais de R$ 40 mil por demorar no transporte de leite que sofre elevação de acidez. Ele começa a coletar leite às 5 horas e deveria descarregar na indústria ao meio dia.
Mas não tem conseguido chegar antes das 16 horas e já pensa inclusive em parar com a atividade. Mesmo problema enfrenta o representante comercial Adair Calegari que vende farinhas e não suporta mais trafegar pela SC-458.