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Festa da Mostra do Campo atravessa gerações

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     A festa mais tradicional e mais antiga da Serra Catarinense, a Mostra do Campo teve abertura oficial nesta sexta-feira sob aplausos de autoridades para o desfile dos agricultores e seus produtos da atividade familiar. Na 32ª edição, o evento deve atrair até domingo cerca de 20 mil pessoas e só na parte campeira mais de 200 equipes de laçadores estão confirmados.
Ao contrário do ano passado que choveu durante os dias da festa, o tempo bom neste ano sinaliza para maior público desde que o evento se realizou pela primeira vez, em 1978. A prefeita Marta Góss observou que só na parte campeira, os tradicionalistas comparecem com a família. "Cada festa tem sua característica, mas neste ano incrementamos em organização e especialmente na programação com shows, bailes, rodeio crioulo, cavalgada, gineteadas e toda uma programação voltada a comemorar os 18 anos de emancipação de Bocaina do Sul", descreveu.
O presidente da Amures, Luiz Paulo Farias prestigiou a abertura e citou como modelo aos demais municípios, o desfile típico. "Os cidadãos comuns são aplaudidos pelas autoridades pelo que produzem. São um exemplo para nós políticos. Vou recomendar que se implante em Ponte Alta este modelo de abertura de festa", defendeu Luiz Paulo Farias. Também compareceram à festa, os prefeitos de Urubici, Adilson Costa, de Painel, José Belizário Andrade, de Palmeira, Osni Francisco de Souza, de Rio Rufino, Ademar de Bona Sartor e de Otacílio Costa, Denilson Padilha.
O desfile típico de agricultores, tradicionalistas e convidados encantou a plateia no parque Municipal de Exposições. A credibilidade que conquistou a Mostra do Campo em mais de três décadas é o principal fator do sucesso. Tanto que a Associação dos Produtores Rurais é o principal apoiador do evento e ajuda inclusive a preparar a população para receber os visitantes.
O presidente da associação Jonildo Tadeu de Oliveira, disse que Mostra do Campo é uma vitrine da economia do município. "Isso justifica nosso empenho", declarou. A rainha da festa Leandra Pessoa de Liz e as princesas Larissa da Costa Melo e Paloma Barcelos recepcionaram as autoridades e agradeceram ao secretário de Estado da Agricultura, João Rodrigues a liberação de R$ 60 mil do Estado para realização do evento.
Para o agricultor e artesão Vilmar Rodrigues Ramos, 53 anos, a Mostra do Campo representa uma grande oportunidade para mostrar o que se produz no meio rural. "Na minha propriedade plantamos de tudo. Moranga, batata-doce, aipim, fumo, cebola e hortaliças. Ainda faço peneira, cestos de taquara, cabo de ferramentas e até vassoura. Há 27 anos participo da Mostra do Campo e além de expor nossos produtos vendemos aos visitantes", disse.

"Girico" despertou curiosidades no desfile

Motorista da Transul, José Carlos Neto, 37 anos, demorou dez meses, mas construiu seu próprio carro para transportar lenha, madeiras, ferramentas e principalmente, as caixas de mel e abelhas na propriedade de seu pai, na localidade de Pessegueiros. O "girico" como é chamado o carro, foi uma das atrações no desfile de abertura da Mostra do Campo.
A tradução para "girico" poderia ser; "bicho sem cabeça…, pessoas sem noção de nada, "girico" não pensa porque não tem cabeça, e quando se chama alguém de cabeça de "girico", significa que esta pessoa também não pensa". Mas esta definição não se aplica para José Carlos. Ele aproveitou as poucas horas de folga para desenvolver, talvez o maior desafio de sua vida e conseguiu. O carro tem um chassi inventado por ele. O motor, caixa e diferencial são de Chevette e as rodas dianteiras de Fusca. A gabine é de lata de câmara fria e a carroceria de madeira.
"Tudo foi desenvolvido por mim. Os pneus traseiros mandei colocar as garras para andar no interior. E tudo começou porque meu pai não tinha como levar as caixas de abelha nem buscar o mel, porque o acesso é ruim", explica José Carlos. O "girico" não possui documentos, não sai da propriedade e seu uso é exclusivo nas atividades rurais.
O carro possui faróis e sinalização e como é usado apenas para trabalho e preferencialmente quando não está chovendo, não possui limpador de para-brisa. Os acentos são do Palio e o painel é do Chevette. José Carlos admite que dos dez meses que demorou para conceber o "projeto", pelo menos cinco meses foram só de estudos.
O carro nasceu sem nem mesmo ter sido feita pesquisas na internet. José Carlos foi adaptando peça por peça e mesmo sem ser mecânico, fez o carro funcionar. E andar bem. Há quatro meses a condução está em atividade e seu custo final ficou na faixa de R$ 3 mil. José Carlos não tem planos de inventar outros carros e tudo que faz agora nas horas de folga é trabalhar e passear com a mulher, a filha e o filho, dentro da propriedade. Todos abordo no "girico".