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Gasto com seguro-desemprego cai apesar do aumento nas demissões

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Há um ano, o Bom Dia Brasil mostrou que o desemprego estava baixo, mas o pagamento de seguro-desemprego só crescia. De lá para cá, mais de 2 milhões de brasileiros ficaram sem trabalho. Só que, na contramão, o governo está gastando cada vez menos com esse benefício.

Isso acontece por dois motivos: o governo apertou as regras para conseguir o seguro-desemprego e o reflexo das mudanças começa a aparecer agora. E uma outra explicação: tem mais gente que não tinha planos de trabalhar agora, como estudantes, mas que entrou na disputa por uma vaga no mercado de trabalho por causa da crise.

Desempregada há dois meses, só agora a Maria Paula conseguiu todos os documentos para dar entrada no pedido de seguro-desemprego. E o dinheiro só deve sair no fim de novembro. “Vou ter que me virar para pagar as contas, a faculdade. Está complicado, muito difícil”, conta a estudante Maria Paula Silva.

E quem está procurando emprego tem motivos de sobra para se preocupar. “Tenho no cadastro serviços gerais, porteiro e servente de pedreiro. Nenhuma vaga”, afirma Jacinto Nascimento, auxiliar de serviços gerais.

O último levantamento feito pelo IBGE entre junho e setembro mostrou que 8,8 milhões brasileiros estavam desempregados, procurando trabalho. Dois milhões a mais que no mesmo período do ano passado. Um crescimento de quase 30%.

Apesar disso, governo está gastando menos dinheiro com o pagamento de seguro-desemprego. O número de pessoas que receberam o benefício caiu de 6,4 milhões entre janeiro e setembro do ano passado para 5,8 milhões este ano. Parece estranho, né?

Essa aparente contradição tem alguns motivos. Primeiro que em tempos de crise mais pessoas decidem ir atrás de emprego. Estudantes, donas de casa. E como não está fácil conseguir um, muitas dessas pessoas acabam se juntando aos demitidos a engrossam a lista dos desempregados.

Além disso, o governo mudou as regras e aumentou o rigor para pagar o seguro-desemprego. Agora, para receber o seguro pela primeira vez, o trabalhador tem que comprovar que ficou empregado por pelo menos um ano nos últimos 18 meses.

O diretor de emprego e salário do ministério do Trabalho diz que esses dados também mostram que o trabalhador está ficando mais tempo no mesmo emprego, ou seja, está trocando menos de emprego. “Num momento de uma situação menos favorável para o emprego é certo que tanto trabalhadores quanto empresas estarão buscando preservar a sua situação de emprego”, explica Márcio Borges.

O professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro José Luis Oreiro concorda que as empresas também estão mais cautelosas. E até demitiram um pouco menos este ano, mas em compensação elas reduziram muito a abertura de novas vagas. “As empresas, em um primeiro momento, estão se ajustando ao cenário de crise por intermédio de uma redução no número de contratações”, analisa.

E ele acha que esse cenário pode piorar nos próximos meses. “A gente vai continuar com uma situação de queda do PIB. O desemprego vai aumentar na tendência de aumento da taxa de desemprego, o desemprego vai aumentar e aí as empresas não vão mais ter como se ajustar como elas fizeram até agora que foi via redução no número de contratações, mas vão ter que aumentar as demissões. Ao aumentar as demissões nós vamos ter um aumento dos gastos com seguro-desemprego”, prevê José Luis Oreiro.  

As novas regras para o seguro-desemprego estão valendo há pouco tempo, 5 meses.

 

Fonte: Bom dia Brasil/G1