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Estudos indicam que chuvas irregulares se prolongarão em 2020-21 mantendo estiagem no Sul do Brasil

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Nesta última semana de abril há previsão de chuvas com índice pluviométrico considerável, segundo o site da MetSul, agência de meteorologia do Rio Grande do Sul. Porém, mesmo com essas chuvas, o quadro de estiagem não muda significativamente, permanecendo os problemas de escassez de água, devido aos mananciais estarem muito afetados por longo período sem chuvas em todo o Sul do Brasil

De acordo o meteorologista Ronaldo Coutinho, da Climaterra, de São Joaquim (SC) esta estiagem é a maior dos últimos 70 anos, na região Serrana de Santa Catarina, e isto tem acarretado na forte escassez de água em muitos municípios, a exemplo de Painel e São Joaquim, onde no interior já ocorre o abastecimento de água através de carros-pipa, uma cena antes vista apenas no Nordeste do país.

Já em Lages, segundo o secretário da Semasa, Jurandi Agustini, a forte estiagem também afeta o interior do município, onde há registro de que as fontes e até poços artesianos estão secando. “A Semasa tem feito trabalho preventivo de instalação de reservatórios de água em localidades do interior e isto tem minimizado os efeitos da seca. Já na cidade, os reservatórios estão dando conta do abastecimento e nosso manancial do Caveiras ainda comportaria, em tese, um período prolongado de mais 60 dias de seca. Ainda bem que isso não ocorrerá, pois já há previsão de chuvas para esta semana”, fala Jurandi.

Muito embora Lages esteja em uma situação pouco melhor que outros municípios, por conta do médio nível das águas do Caveiras, o prefeito Antonio Ceron alerta à população para a necessidade de se economizar água: não desperdiçar o uso, evitando utilizar a água potável para limpeza de calçadas e carros, por exemplo.

Ronaldo Coutinho explica que ao longo deste ano de 2020 a previsão é de chuvas irregulares, o que significa em precipitações pluviométricas abaixo do índice, acarretando sérios problemas principalmente para a agricultura e agropecuária. Além disso já ocorre a incidência do frio (geadas) fora de época e, portanto, problemas de estiagem e de temperaturas castigam sobremaneira o setor agropecuário. Só para se ter idéia da problemática que se abate por toda a região Sul do Brasil, no Rio Grande do Sul, a quebra de safra de soja e feijão é estimada em 50% da produção.

Ronaldo Coutinho, durante recente debate promovido pelo Canal do Tempo, do Rio Grande Sul, afirmou que segundo as previsões meteorológicas esta estiagem se prolongará em 2020 e primeiros meses de 2021, afetando as próximas safras agrícolas e o setor de produção de carne e leite.

Quanto ao abastecimento de água potável, Coutinho disse que continuará também problemático, porém sem muita gravidade, pois haverá períodos de chuvas o suficiente para abastecimento dos reservatórios urbanos. Isso não significa, contudo, que os níveis dos rios não permanecerão baixos.

Os rios Pelotas e Canoas, na região da Serra Catarinense, estão secos, com baixíssima vazão de água, e isso ocorre também com todos os demais rios, com exceção do rio Caveiras, manancial que abastece a cidade de Lages. O Caveiras apresentando nível médio de água se deve principalmente à preservação ambiental nas áreas de nascentes (Na Serra da Pedra Branca), onde além da excelente cobertura vegetal também existem vastas áreas de recarga do Aquífero Guarani.

Segundo explicação do geólogo e professor da Universidade de São Paulo, Rômulo Machado, o Aquífero Guarani, nas áreas de recargas, contribuem na manutenção do nível de rios como é o caso do Caveiras situado em área ambiental privilegiada.

A seca no Rio Pelotas, no histórico Passo do Socorro, divisa de Santa Catarina e Rio Grande Sul, entre os municípios de Capão Alto e Vacaria, revela os escombros de antiga ponte levada pela grande enchente ocorrida em agosto de 1965. Ali naquele ponto do rio já é possível a travessia a pé.

 

Texto: Iran Rosa de Moraes

 

Fotos: Samuel Gonçalves, Divulgação 1º Batalhão Ferroviário e Divulgação Semasa