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Lages sediará o IV Seminário sobre a Sustentabilidade da Araucária

Ao menos 300 pessoas entre pesquisadores, acadêmicos, estudiosos, convidados e dirigentes de empresas públicas e privadas são esperados para o IV Seminário sobre a Sustentabilidade da Araucária. Programado para acontecer de 7 a 10 de maio, no auditório do CCET da Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac), o evento tem o objetivo de difundir conhecimentos científicos sobre as cadeias produtivas da araucária.

A Associação dos Municípios da Serra Catarinense (Amures), confirmou apoio ao seminário em reunião com o grupo de coordenadores. Os professores de Silvicultura e Biologia da Conservação da Universidade de Passo Fundo (UPF), Jaime Martines e das disciplinas de Ecologia Florestal, Silvicultura e Genética de Populações, da Universidade de Santa Catarina de Lages (Udesc), Adelar Mantovani, formalizaram o convite.

“Como entidade representativa desta região que tem algumas das maiores reservas de araucárias do Brasil, a Amures não poderia ficar de fora desse evento. Sua participação é muito bem-vinda nas pautas que serão abordadas nesses quatro dias de seminário”, disse Jaime Martines. Na sua quarta edição, o seminário terá um cunho binacional, com participação de palestrantes da Argentina.

A programação do evento foi montada por um grupo de trabalho formado por representantes de instituições de ensino superior. Como da UPF, Udesc, Uniplac, Instituto Federal Campus de Urupema (IFSC), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Embrapa Florestas.

Nesta edição, a temática central será: “A Floresta com Araucárias e a conservação da fauna silvestre”. A programação inclui palestras, mesas redondas e apresentação de trabalhos sobre conservação, sustentabilidade, biodiversidade da fauna silvestre de florestas com araucárias, além de estratégias de manejo para pesquisa, inovação e políticas públicas na busca de um melhor cenário futuro.

Amures confirma parceria no evento

O secretário executivo da Amures, Walter Manfroi, acolheu a pedido do presidente da Amures, prefeito de Anita Garibaldi, João Cidinei da Silva, o convite do grupo de trabalho que organiza o IV Seminário sobre a Sustentabilidade da Araucária. E disse que as florestas de araucárias na Serra Catarinense são um espetáculo natural único.

“Temos plena consciência de que a preservação das araucárias na Serra Catarinense contribui significativamente para a biodiversidade, criando habitats únicos para uma variedade de espécies de fauna e flora. Isso justifica o tema desta edição do seminário e o apoio da Amures”, comentou Manfroi.

O diretor executivo do Consórcio Intermunicipal Serra Catarinense (Cisama), Selênio Sartori, também participou da reunião. Ele citou a importância do evento considerando que as florestas de araucárias têm um valor cultural, econômico e social importante, sendo parte integrante da identidade e história da região.

“Temos de destacar que as florestas de araucárias enfrentam desafios significativos devido à exploração irregular, destinação de terras para agricultura ou pecuária e o processo de urbanização. Portanto, a conservação dessas florestas é fundamental para garantir a preservação desse ecossistema e proteger a diversidade biológica da Serra Catarinense”, declarou.

Ao sinalizar para o evento, a Amures busca despertar na comunidade da Serra Catarinense, a consciência da preservação da araucária. E envolver as pessoas em soluções de sustentabilidade. “É fundamental termos a Amures nesse evento, com a participação de quem está de fato no dia a dia do campo, vivenciando a real situação das florestas de araucárias”, disse Adelar Mantovani.

Evento com alcance binacional

“Estado da arte e perspectivas para Araucária na Argentina”. Este será o tema da palestra de abertura do IV Seminário sobre a Sustentabilidade da Araucária, com a doutora Maria Gauchat, responsável pela Estação Experimental de Monte Carlo, do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA) da Argentina.

Graduada em Engenharia Florestal pela Faculdade de Ciências Florestais da Universidade Nacional de Santiago del Estero, Maria Gauchat é uma das maiores autoridades sobre a araucária e suas perspectivas, com doutorado pela École Doctorale ABIES, Institut des Sciences et Industries du Vivant et de l’Environnement AgroParisTech, Paris-França.

Outra participação de pesquisadora convidada da Argentina, será em mesa redonda com a pesquisadora em microartrópodes em solos de plantações e bosques nativos no Norte de Misiones, na yunga tucumana e na estepe patagônica, Verónica Bernava. Responsável pela administração de Parques Nacionales San Antonio – Misiones. Verónica Bernava vai debater com outros pesquisadores o tema “Araucária: uma espécie ameaçada, políticas públicas e suas unidades de conservação”.

Considerando que os principais remanescentes de florestas de araucárias no Brasil estão nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o Seminário buscará demonstrar a importância desses remanescentes, não apenas pela sua biodiversidade, mas também pela importância cultural e histórica, já que as araucárias são uma das espécies mais antigas do Brasil. E sua preservação é fundamental para biodiversidade dos ecossistemas únicos associados a ele.

O desafio da preservação da araucária

Apesar de constar na lista de espécies ameaçadas de extinção, a araucária ainda é encontrada com certa abundância em alguns parques. Segundo o professor Adelar Mantovani, o desafio é retirar a espécie dessa lista.

“Usar a araucária de maneira sustentável e inteligente é o equilíbrio a ser buscado. É preciso dar essa oportunidade, mas com responsabilidade e isso não será tarefa simples”, pondera Mantovani. Essa, certamente, será uma das principais discussões no seminário.

Pensar na exploração da madeira de araucária, mas não de forma extrativista, será um dos pontos do evento. Basta analisar que, no passado haviam mais de 200 mil quilômetros quadrados de florestas de araucárias e hoje, restam menos de 5%. Mantovani observa que, ainda não existe receita pronta para preservação da araucária e sua exploração racional. Ele considera que o seminário seja o palco para o debate dessa construção. “Temos de ter clareza do potencial de uso da madeira, se quisermos colher araucárias, temos de plantar antes”, frisa o professor da Udesc.

A preocupação acadêmica em torno da preservação da araucária, fez nascer a primeira edição do seminário no Paraná. Depois o evento aconteceu em Lages e a terceira edição no Rio Grande do Sul. Agora retorna para Lages com um engajamento ainda maior de instituições.

Parques com remanescentes de florestas de Araucárias no Sul do Brasil

Santa Catarina:

Parque Nacional de São Joaquim, abrangendo áreas em Urubici, Bom Jardim da Serra e Orleans.
Parque Estadual do Rio do Peixe, próximo a Itaiópolis.
Parque Estadual Fritz Plaumann, localizado em Concórdia.
Parque Estadual do Acaraí, em Guaraciaba.

Paraná:

Parque Estadual do Monge, localizado em Guarapuava.
Parque Nacional de Aparados da Serra, que se estende até o estado de Santa Catarina.
Parque Estadual de Vila Velha, próximo a Ponta Grossa.
Parque Estadual do Pico do Marumbi, em Morretes.
Parque Estadual de Campinhos, localizado em Guaratuba.

Rio Grande do Sul:

Parque Nacional de Aparados da Serra, que também se estende até o estado do Paraná.
Parque Estadual do Turvo, próximo a Derrubadas.
Parque Estadual do Espigão Alto, localizado em São Francisco de Paula.
Parque Estadual do Tainhas, em Jaquirana.

Compensação por preservação ambiental

A compensação por preservação ambiental, ainda não implementada no Brasil, poderia ser uma saída para barrar a degradação das áreas particulares de florestas de araucárias. Acelerar essa regulamentação e operacionalizar linhas de créditos deverá ser um dos itens recomendados no final do Seminário de Sustentabilidade da Araucária.

Para Adelar Mantovani, quanto mais demorar para se criar uma política de compensação por preservação ambiental, mais rápida será a degradação dos remanescentes de florestas. A compensação nada mais é que uma prática que visa compensar os proprietários de áreas de florestas pela manutenção de áreas de conservação.

O objetivo geral de uma compensação por preservação ambiental é promover a conservação e a sustentabilidade, minimizando ou compensando os impactos negativos das atividades humanas no meio ambiente.

Tipos de Compensação Ambiental

Compensação Ambiental: É uma exigência legal em muitos países, na qual empreendimentos que causam impactos significativos ao meio ambiente são obrigados a compensar esses danos através da criação ou manutenção de áreas protegidas, restauração de ecossistemas degradados ou financiamento de projetos ambientais.

Pagamento por Serviços Ambientais (PSA): Este modelo envolve o pagamento a proprietários de terras ou comunidades que adotam práticas de conservação ou restauração ambiental, como a preservação de florestas, proteção de nascentes de água, entre outros serviços ecossistêmicos. Esse seria o modelo a ser implementado no caso das florestas de araucárias.

Créditos de Carbono: Empresas podem compensar suas emissões de carbono adquirindo créditos de carbono de projetos que reduzem ou capturam emissões de gases de efeito estufa, como projetos de reflorestamento, energia renovável ou eficiência energética.

Compensação de Biodiversidade: Algumas atividades que impactam a biodiversidade, como o desmatamento, podem exigir a compensação por meio da criação ou proteção de áreas de conservação que abriguem espécies ameaçadas ou ecossistemas únicos.

Compensação Financeira Direta: Em alguns casos, governos ou empresas podem optar por fazer doações financeiras diretas a projetos de conservação ambiental como forma de compensar os danos causados por suas atividades.

Texto: Onéris Lopes