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     A MAIOR safra de maçã de todos os tempos está sendo responsável pela geração de mais de três mil novos empregos na região serrana. Se por um lado há uma boa notícia, por outro existe a preocupação dos prefeitos com os aspectos sociais, nas regiões produtoras.
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego revelam que foram gerados, em Santa Catarina, entre janeiro e fevereiro deste ano, 35.401 novos empregos formais. Dentre os municípios serranos, o que mais contratou com carteira assinada foi Bom Retiro com 1.403 admissões. E o responsável por este aquecimento está sendo a safra de maçã, que na região pode ser 10% maior que o ano passado.
Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Maçã (ABPM) a previsão é que as macieiras catarinenses rendam este ano 579 mil toneladas de maçã. Ano passado a produção ficou em 553 mil toneladas. "Esse crescimento de 5% na produção estadual é atribuído aos fatores climáticos que levaram os pomares à maturação mais uniforme em relação a outros anos", justifica o presidente da ABPM, Pierre Nicolas Pérès.
O período de maturação dos frutos que normalmente dura 45 dias diminuiu para 30 dias e obrigou as empresas a contratar mais mão de obra e acelerar a colheita. Municípios como São Joaquim, por exemplo, geraram no primeiro bimestre deste ano 662 novos empregos. Até Correia Pinto que não tem tradição da fruticultura, mas já possui algumas áreas de pomares, se destacou no ranking dos geradores de empregos em Santa Catarina. Entre as pessoas que foram dispensadas e as que foram contratadas, o município teve um saldo de 166 novos empregos.
O presidente da Associação dos Municípios da Região Serrana (Amures), prefeito de Cerro Negro, Janerson Delfes Furtado, faz um alerta sobre os novos empregos que estão sendo gerados. "São contratações temporárias e na mesma proporção que chegam saem daqui dois a três meses. O que temos no caso da fruticultura é mão de obra migratória. Esse fenômeno ocorre todo ano e não podemos nos iludir que acabou o desemprego na região", opinou.
Mesmo pensamento manifesta o prefeito de Bom Retiro, José Antônio Melo. "Ainda não existe máquina para colher maçã e a mão de obra da região não é suficiente para colher toda a safra. Temos pessoas do Paraná, Rio Grande do Sul, Oeste do estado e até do Mato Grosso colhendo maçã", diz o prefeito. Terceiro maior produtor de maçã da região, Bom Retiro enfrenta algumas dificuldades com o "inchaço" populacional causado pela oferta de emprego nos pomares.
Nos postos de saúde e nos hospitais aumenta a demanda de pacientes e até no aspecto da segurança o problema é sério. "Muitos dos que vêm trabalhar acabam ficando e constituindo família. Pena que a maioria é mão de obra sem qualificação e acaba desembocando no sistema público, que já enfrenta sérios problemas", observa o prefeito.
Só da região serrana, quase 200 mil toneladas de maçã estão sendo colhidas nesta safra. Além da colheita, são empregadas pessoas no transporte, armazenamento, seleção e no processamento da maçã. Pelos dados do Caged, Lages também se enquadra entre os municípios com grande oferta de contratação com carteira assinada. Entre janeiro e fevereiro passado foram gerados 568 novos empregos, também associados na grande maioria à colheita da maçã.
Os únicos municípios que não apresentaram crescimento de oferta de empregos na região foram Capão Alto e Ponte Alta, que tiveram crescimento negativo no período pesquisado.

SC: 4° maior gerador de emprego

Com 35.401 novos empregos formais gerados entre janeiro e fevereiro, Santa Catarina se posiciona com 9,1% dos 390.844 gerados no país. Em números absolutos Santa Catarina só foi superada pelos estados de São Paulo (131.821), Minas Gerais (47.995) e Rio Grande do Sul (38.595).
Em comparação com a população residente, Santa Catarina destaca-se como o estado campeão em geração de empregos formais com 5,8 empregos por 1.000 habitantes contra uma média nacional de 2,0. Os setores econômicos que se destacaram foi a indústria de transformação (40,5%) e agricultura e pecuária (21,8%) em consequência da colheita da maçã.
Apresentaram desempenho negativo as atividades de comércio (-4,6%) e alimentação e hospedagem (-0,8%) devido ao fim da temporada de verão no litoral catarinense. Os municípios campeões em geração de empregos foram Blumenau (4.001), Fraiburgo (3.657) e Joinville (3.357).
Os que apresentaram resultados negativos foram: Bombinhas (-435), Itapema (-258) e Garopaba (-160). Para Santa Catarina o momento é muito bom, pois com apenas 3,21% da população brasileira, o estado desponta e a perspectiva é de manutenção dos postos de trabalho, principalmente nas regiões onde há indústria de transformação, como no caso de Joinville e Blumenau.