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São José do Cerrito está refém da criminalidade

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     NO INTERVALO de quatro dias, cinco arrombamentos seguidos de furtos. As últimas semanas foram marcadas até por assalto à mão armada. A população está atônita e refém do próprio medo.
A pacata cidade de quase dez mil habitantes está vivendo dias de polvorosa. O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Marcelo Muniz Barbosa, admite que os lojistas estão apreensivos e tomarão providências urgentes para barrar a onda de arrombamentos e furtos.
"O momento é de insegurança pública. Nos sentimos amedrontados com o quadro da criminalidade", desabafa Marcelo Barbosa. O que deixa os lojistas mais preocupados é que a cada dia um novo arrombamento e furto é consumado. E ninguém viu nada, ninguém sabe de nada.
O responsável pela Polícia Militar em São José do Cerrito, sargento Alcione Donizete Mota esbarra na falta de efetivo. Tem um efetivo de oito policiais, com apenas dois nas escalas diárias de trabalho. "Em determinados momentos ficamos só com um policial. Se algum tirar licença por algum motivo é um problema sério para nós", revela.
Situação ainda pior é da Polícia Civil. Há apenas um policial para responder pela delegacia, coletar depoimentos, investigar e atender na DP. Por mais que o policial Marcos dos Reis se esforce está ‘algemado' na falta de pessoal.
O comandante do 6° Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Turíbio Skonieczny, antecipou ontem, que dia 25 estará na audiência pública no Cerrito. Como ação mais imediata sugere que a população ajude a polícia ao avistar veículos suspeitos e pessoas estranhas.
"Ao menos 90% das nossas ações com sucesso são a partir de informações da comunidade", disse o oficial. Sobre o reduzido efetivo, Skonieczny aponta como um problema geral e não apenas do Cerrito.
O prefeito Everaldo Ransoni reconhece que mudou o perfil do município com a pavimentação da BR-282. "A rodovia corta o município e milhares de pessoas trafegam por aqui. Sem contar que a malha rodoviária é de mais de dois mil quilômetros e há diversos acessos para às BRs-470 e 116", cita o prefeito.
Os roubos, furtos e arrombamentos têm vitimado lojas, farmácias, supermercados, residências e até fazendas de turismo rural.

Portas arrombadas para entrar em loja

Duas portas arrombadas e prejuízo de pelo menos R$ 20 mil. O ex-vereador Orlando Dremer foi mais uma das vítimas dos ladrões. Na madrugada de sexta-feira passada invadiram sua loja e levaram três máquinas fotográficas digitais profissionais, duas máquinas analógicas profissionais, três impressoras de fotografia, as chaves de uma motocicleta e o documento de transferência da motocicleta.
Com lágrimas nos olhos, Orlando Dremer disse sentir-se impotente diante do arrombamento de sua loja. "Ainda levaram todo material que iríamos usar para impressão de fotos dos funcionários da barragem. Não sei o que fazer", desabafa a vítima. Para entrar na loja, os ladrões arrombaram uma porta de grade na escadaria do primeiro piso e depois a porta de acesso ao interior da loja.
"Não foi porque arrombaram minha loja que devemos crucificar a polícia. Pelo contrário, temos de aderir ao trabalho policial e unir as forças para enfrentar a bandidagem", opina. No caso do arrombamento da loja de fotografia, dois homens estiveram no local na tarde do dia anterior pedindo informações sobre um serviço de casamento. As características dos suspeitos foram repassadas à polícia.


Unidos pela segurança

A criminalidade desenfreada fez soar o "sinal vermelho" para os representantes da prefeitura e da Câmara de Vereadores. Audiência pública foi agendada para sexta-feira da próxima semana. O comando regional da PM, Polícia Civil e Secretaria Regional serão chamados a tirar o município da condição de rerém dos bandidos.
"Está insustentável a criminalidade. Não vamos esperar que mais vítimas sejam feitas para tomar uma atitude", disse o presidente da câmara, Antônio Paes de Oliveira. Também o secretário de Planejamento, Keni Wilder Muniz defende uma grande cruzada pela segurança. "Não podemos esperar que algo pior aconteça".

Furto até na casa paroquial

Os ladrões não perdoaram nem a igreja católica. Invadiram a casa paroquial no final da tarde de terça-feira e levaram um telefone celular com carregador, R$ 270,00 em dinheiro e o molho de chaves da igreja. O pároco, padre Lindomar Borges, disse que os ladrões entraram na casa pelos fundos.
"Havia uma porta que foi esquecida aberta. E infelizmente fizeram o furto. Uma situação inimaginável", lamenta o padre. Ele sugere união, organização e cobrança da comunidade às autoridades locais e regionais para frear a criminalidade.