Um ofício da gerência do Banco do Brasil à prefeita Marta Regina Góss informou esta semana, que dia 31 de dezembro o posto do Banco do Brasil fecha em Bocaina do Sul. O município passará a dispor apenas de um "banco-postal", que funciona com restrições de casa lotérica e limitação de valores de pagamentos e saques.
O comunicado assinado pela gerente da agência do Banco do Brasil, onde funcionava o antigo Besc, no Centro de Lages, Katia Mari Guedes deixou a prefeita indignada. É que a poucos dias a gerente do banco visitou o município à pedido da prefeita que ofereceu três áreas públicas, uma privada e uma sala para que escolhessem onde se instalar. "Até hoje não deram nem resposta", lamenta a prefeita.
Desde 2003 o Banco do Brasil funciona numa sala anexa à delegacia de Polícia, sem pagar água, luz ou aluguel. Houve até denúncia de irregularidade à Procuradoria Geral do Estado do funcionamento do banco dentro da delegacia de Polícia. Foi dado prazo para o banco mudar de local e só agora confirmaram para prefeita que dia 31 de dezembro fecha o posto do Banco do Brasil.
"Enrolaram a população por vários anos para agora em seis linhas de ofício dizer que fecham o posto e nem sequer responderam sobre as áreas que visitaram. É revoltante o que Banco do Brasil está fazendo com a população de Bocaina do Sul", desabafa Marta Góss. Ela diz que está havendo um retrocesso, porque os comerciantes e a prefeitura não terão como fazer movimentação financeira devido as limitações de valor.
No ofício do Banco do Brasil, a única informação foi que o posto de atendimento passará opera como "banco-postal", junto com a agência dos Correios. E caberá as
Correios destinar funcionário para atendimento. Para a prefeita, o que houve até agora foi uma "enganação", pois alimentaram uma esperança que nunca se concretizou.
O desleixo do Banco do Brasil com Bocaina do Sul chegou ao ponto de quase levar o município a perder R$ 129 mil esta semana. O convênio para restauração da Casa da Cultura tinha de ter conta especial até quarta-feira. Só na quinta pela manhã a gerente comunicou da abertura da conta.
"É má vontade mesmo, sob todos os aspectos. Estamos correndo atrás para não perder este convênio. Desde 2003 está sendo adequado este projeto e só agora conseguimos o viabilizar. Não podemos perder esse recurso", relata Marta Góss que não encontra outra palavra para definir o trato do Banco do Brasil que não seja "insensível" à causa social.
Gerente confirma desativação do posto
A migração do serviço de posto bancário para "banco-postal" é explicado pela gerente do Banco do Brasil como planejamento da instituição. "Os locais que visitamos não oferecem as condições necessárias para abrigar um posto. Bocaina é uma situação localizada e não ficará sem o serviço de banco. Só que dentro da unidade dos Correios", declara Kátia Mari Guedes.
Sem entrar em muitos detalhes, a gerente disse que posto de atendimento só é permitido quando está em local integrado com outra instituição. Não funciona de forma autônoma e por isso, será desativado no município. E sugeriu que maiores informações fossem obtidas junto ao departamento de marketing do Banco do Brasil em Forianópolis.
Para o aposentado Natal Ferreira Sasso, 65 anos, morador da localidade de Pessegueiros, a desativação do posto bancário vai gerar um transtorno geral. "Nós viemos ao banco receber, fazer depósitos e pagamentos. E se não está bom hoje, vai piorar", comenta.
O operário de reflorestamento Sebastião Edélcio de Souza, morador da localidade de Capitão Mor, aguardou na fila do posto bancário por quase duas horas para trocar seu cheque-salário. E confirma que a desativação do serviço será um descaso com a população. "No dia do pagamento teremos de folgar no trabalho para ir à Lages receber e fazer compras. É uma vergonha".
O posto bancário tem apenas um funcionário e atende das 9 às 12 horas. E como a fila é sempre longa, a demora de atendimento é inevitável. Há quatro meses um aposentado morreu enfartado na fila depois de aguardar por quase duas horas. Os policiais de Bocaina do Sul também são contra a permanência do posto bancário na estrutura da delegacia. São apenas dois policiais por plantão e temem pela própria segurança.