Liberados R$ 300 milhões para negociar dívidas Santa Catarina

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     Depois de acumular prejuízos ao longo das últimas safras, os produtores de maçãs de Santa Catarina receberam uma boa notícia. O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), em parceria com o Governo do Estado, liberou uma linha de crédito especial no valor de R$ 300 milhões para a renegociação das dívidas do setor.
Os recursos foram adquiridos junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). "É uma grande vitória. Vamos ajudar o produtor para que ele possa resolver esse problema e reinvestir na propriedade", afirmou o governador Raimundo Colombo.
Os R$ 300 milhões foram disponibilizados com prazo de financiamento de até 10 anos, incluindo um ano de carência, Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), mais 2,5% ao ano.
Poderão ser renegociadas as dívidas originárias de uma ou mais operações do mesmo mutuário contratadas até 30 de dezembro de 2010. Cada produtor terá direito à quantia máxima de R$ 5 milhões e será exigida a amortização de, no mínimo, 5% do saldo devedor a ser paga até a data de formalização da renegociação. Produtores interessados em participar do programa deverão se habilitar até o dia 15 de janeiro de 2013.
O diretor de operações do BRDE, Neuto de Conto, explica que foi necessário muito empenho até a composição dessa linha de crédito para os produtores de maçãs. Até agora, haviam sido concedidos benefícios como redução de imposto e o pagamento do seguro agrícola. Mas, segundo ele, a liberação do crédito é decisiva para o fortalecimento da fruticultura. "Depois de renegociar as dívidas, o agricultor pode buscar, inclusive, formas de proteção para as próximas safras, como a cobertura dos pomares", orientou.

A oportunidade de quitar as dívidas

Na última safra, o granizo reduziu em 35% a produção do agricultor Bibiano Antunes Rodrigues, em São Joaquim. Por isso, ele acabou contraindo uma dívida de R$ 63 mil. Para não desistir da atividade, precisou fazer um empréstimo. Com os recursos, ele vai conseguir preparar os pomares para mais uma colheita. "É bom saber que temos essa linha de crédito à disposição. Inadimplentes, ficamos impedidos de investir na propriedade e continuar produzindo", informou.
Problemas climáticos e de comercialização, em função de reduções no preço, fizeram até mesmo os grandes produtores se endividarem. José Perazzoli, diretor de uma empresa de maçãs em Fraiburgo, conta que já são anos trabalhando no vermelho. Sem capital de giro, as contas somam R$ 40 milhões. Para ele, ainda falta muito para liquidar o que está devendo, mas a ajuda chega em boa hora.

As maiores regiões produtoras

De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Maçãs (ABPM), São Joaquim e Fraiburgo são as duas maiores regiões produtoras da fruta no Estado, mas cada uma com suas peculiaridades. Na Serra, a atividade é comandada, na maioria das vezes, por pequenos produtores, enquanto o Meio-Oeste detém empreendimentos maiores. O diretor-executivo da ABPM, Moisés Lopes de Albuquerque, alerta que é preciso garantir que possíveis valores não acessados na composição, sejam mantidos para o setor da maçã, de modo a atender, por exemplo, os produtores que ultrapassarem o limite.
A produção de maçãs reúne pelo menos 2.500 produtores em Santa Catarina, o maior produtor da fruta no Brasil, com 32 mil hectares de área cultivada. A ABPM calcula que a dívida do setor no país esteja em torno dos R$ 350 milhões. O Estado é responsável por metade desse montante.
O secretário de Estado da Agricultura, João Rodrigues, destacou as boas notícias que o setor produtivo de Santa Catarina tem recebido. Além dos recursos para a renegociação das dívidas dos produtores de maçãs, a conquista de mais uma etapa para a abertura do mercado japonês à carne suína catarinense. "Isso permite que o produtor continue no campo e Santa Catarina continue líder no mercado brasileiro."