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Os prós e os contras da alta do dólar para indústrias, madeireiras, combustíveis e medicamentos

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     Há pontos positivos e negativos com a desvalorização cambial. Para quem trabalha com exportação, a alta do dólar é excelente para os negócios. Para quem importa e para o consumidor final, que precisa comprar medicamentos, alimentos, gasolina, entre outros produtos, a valorização da moeda norte americana pesa bastante no bolso.
O economista Luiz Carlos Pfleger (e reitor da Uniplac) explica que quando o real perde valor em relação ao dólar, incentiva as exportações e, com este aumento de negociação, as empresas nacionais podem aumentar sua produção. “Com isso, também aumenta a quantidade de empregos”, frisa.
Outro fator elencado por ele como ponto positivo com a alta do dólar é o aumento dos preços dos produtos importados. Isso faz com que aumente a venda de itens nacionais.
A inflação pode ser reduzida porque, segundo entendimento do economista, o aumento do preço do dólar impulsiona a quantidade de viagens nacionais, movimentando o turismo do país.

Lado ruim

Entretanto, os reflexos da alta da moeda para a indústria farmacêutica e química são relevantes. “Aumenta o preço dos insumos para a indústria que depende de matéria-prima importada”, explica Pfleger. As viagens para o exterior também ficam mais caras.
Porém, ele avalia que a velocidade da desvalorização, apesar de causar impactos positivos e negativos, tende a se estabilizar. “Isso só não aconteceria se a variação do dólar fosse contínua, então, o reflexo sobre o nível de preços e empregos poderiam ser danosos”, alerta.
Para o mercado financeiro é importante que o dólar se mantenha em equilíbrio, na visão do economista, pois somente assim, os investidores podem planejar as suas ações.
A flutuação de dólar causa incerteza no mercado financeiro prejudicando o nível de investimentos.
“Todavia, na variação do preço do dólar, pode ocorrer a migração de capital de investimentos no mercado financeiro para o cambial.

Causas

Pfleger diz que observou-se três fenômenos que levaram ao aumento do dólar: o baixo crescimento da economia brasileira nos últimos anos; o déficit externo alto, provocado pela saída de dinheiro do país maior que a entrada; a instabilidade das políticas governamentais, que muda as regras da política econômica.

Dicas

Para quem procura oportunidade de investir, o bom é adquirir dólar quando seu valor é baixo e vendê-lo quando for alto, de acordo com Pfleger. Mas o economista não aconselha a fazer isso porque há títulos que oferecem retornos mais altos e garantidos que a moeda norte-americana.

Desvalorização cambial age na indústria

De dezesseis setores industriais, nove tiveram índice negativo de crescimento no ano passado com uma média de 1,2% de queda nas vendas. A informação é do vice-presidente da Fiesc na Serra Catarinense, Israel Marcon, que explica como a alta do dólar está afetando a indústria catarinense e da região.
Em contrapartida, com a diminuição das vendas, Marcon afirma que houve aumento de 3,4% nas exportações, se comparado ao ano de 2013, que havia recuado 2,6%, em relação a 2012. “Isso comprova que setores mais voltados ao mercado externo são importantes para manter Santa Catarina em uma posição (mesmo com queda de 2% na produção industrial) melhor que o Brasil, que caiu 3,2% em 2014”, explica Marcon.
Na avaliação do vice-presidente, este ano será de muitas dificuldades para o setor industrial com perspectivas de retração ainda maiores para o ano que vem. “Esperamos que a Serra Catarinense possa minimizar as previsões de recessão que reduziram o nível de confiança do industrial catarinense, ao nível mais baixo desde 1999”, acredita.
Israel Marcon espera isso, pois na visão dele, a Serra Catarinense possui uma grande diversificação no setor industrial e conta com setores com presença importante no mercado externo, como o ramo madeireiro.
Oscilação

Segundo o vice-presidente, as variações do câmbio sempre geraram controvérsia.
“Se considerarmos o índice de inflação desde a implantação do Plano Real e aplicarmos ao dólar, deveríamos ter uma cotação de R$ 2,95”, explica, ressaltando que isso acontece, pois considera-se o índice de inflação desde a implantação do Plano Real.
Deste modo, para aqueles setores que competem no mercado internacional, a taxa está há muito tempo abaixo da ideal, de acordo com Marcon.

Acima do ideal

Por outro lado, para setores que dependem de insumos importados, matérias-primas e máquinas, o dólar sempre estará acima do ideal. “É um debate que deve mirar o equilíbrio, permitindo que os diversos setores industriais consigam se manter competitivos”, completa.
O vice-presidente reconhece que encontrar este equilíbrio nem sempre é fácil, e muitas vezes traz consigo um aumento de preços que acaba sobrecarregando o consumidor.
José César Feldhaus Presidente do Sindicato das Indústrias de Serrarias, Carpintarias e Tanoarias de Lages (Sindimadeira).

A alta do dólar é favorável para o ramo madeireiro?
“É favorável, porém os custos explodiram. Energia, mão de obra, combustível, transporte e vários outros aumentos acabam anulando a alta do dólar que foi de em torno de 10%”.

O aumento dos custos não é superado com as vendas?

“No mercado interno, não está se conseguindo incluir nas vendas. E a tendência é aumentar o custo do combustível. A energia, dizem que vai aumentar em torno de 50% no mês que vem, isso vai afetar todos os setores, inclusive o madeireiro, que possui bastante maquinário”.

Quando foi a pior crise do ramo madeireiro?

Foi entre 2005 e 2010, quando o câmbio girava em torno de R$ 1,55. As empresas que sobreviveram, melhoraram sua produtividade. Estamos calejados a trabalhar na crise econômica. Luiz Carlos Uncini Diretor comercial da Cooperativa Agropecuária do Planalto Serrano (Coperplan).

Como a alta do dólar influencia o setor de grãos?

“Para os produtores de trigo e soja ajuda muito, mas para os consumidores não, pois os produtos ficam mais caros. Beneficia um, mas prejudica outro”.

Qual o grão que está sendo mais influenciado com a alta da moeda?

Como 50% do trigo é comprado pelo Brasil de outros país, este produto está bem caro para importar. A soja também está valorizada. Estes grãos subiram em torno de 15% a 20%, depois de o dólar começar a subir.

Qual o valor negociado do milho, soja, trigo e feijão hoje?

“O milho custa R$ 24; a soja R$ 58; o trigo R$ 30 e o feijão carioca R$ 160, todos estes valores são negociados em sacos de 60 quilos. O feijão preto é vendido por R$ 130 o pacote de 30 quilos”.

O que faz a valorização cambial não refletir tanto na comercialização de grãos?

Os insumos também subiram e a carga tributária está alta. A greve dos caminhoneiros, que está acontecendo em vários Estados, está dando prejuízos. Os agricultores estão perdendo mercadoria, pois os produtos estão estragando.

Fonte: CL+