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Aumento de preços reduz padrão de vida dos brasileiros

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A economia brasileira enfrenta neste ano uma combinação complicada: inflação de dois dígitos com recessão. Até dezembro, a expectativa é que a atividade diminua e caia mais de 3%, com a inflação ultrapassando os 10%. A inflação aumentou quatro pontos em relação ao registrado no ano passado, 6,41%. A última vez que ele atingiu dois dígitos foi em 2002, mas nesse ano não houve recessão.
 
A disparada dos preços, puxada por choque tarifário, desvalorização do real e escalada dos serviços, provoca um desconforto no padrão de vida das pessoas. “Os brasileiros ficaram mais pobres este ano, tanto pelo aumento da inflação como pela retração da atividade”, afirma o economista Heron do Carmo, professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo e um dos maiores especialistas em inflação.
 
Ele observa que a inflação combinada com recessão tem um efeito devastador: faz com que as pessoas se sintam mais desconfortáveis, afeta a confiança de consumidores e tem reflexos políticos. Esse desconforto já apareceu no carrinho do supermercado. Pela primeira vez nos últimos dez anos, as vendas do setor devem fechar no vermelho, segundo a Associação Brasileira de Supermercados. De janeiro a outubro, o recuo foi de 1,02%.
 
Queda no consumo
A freada no consumo é nítida no resultado de uma pesquisa da consultoria Kantar Worldpanel, que visita semanalmente 11,3 mil domicílios para aferir o volume de compras de uma cesta com 96 categorias como alimentos, bebidas e itens de higiene e limpeza. No primeiro semestre deste ano, o volume consumido caiu 7,5% em relação ao mesmo período do ano passado e voltou para o patamar de cinco anos atrás. O desembolso, por sua vez, cresceu 0,5% no período, por causa da inflação.
 
“O brasileiro está gastando mais no supermercado e levando menos produto para casa”, afirma a diretora da consultoria e responsável pela pesquisa, Christine Pereira. Ela observa que o desempenho negativo de três variáveis importantes para o cidadão (inflação, renda e emprego) está levando a uma racionalização generalizada do consumo de todas as classes sociais. De acordo com pesquisa da consultoria, 71% das famílias acreditam que seus gastos aumentaram em 2015 e 97% delas buscam alternativas para reduzir as despesas.
 
Pesquisas
Em entrevistas qualitativas feitas pela consultoria nos domicílios pesquisados foi constatado que as famílias reduziram despesas com comunicação e optaram por planos de celular pré-pagos.

 O lazer fora de casa também encolheu. Mais de um milhão de pessoas deixaram de fazer as refeições fora do lar. As viagens de carro igualmente começam a perder força, afetadas pela alta do preço da gasolina.
 

Vida de cão
Uma revelação surpreendente da Kantar Worldpanel foi que rações industrializadas para cães perderam importância na cesta de compras e os animais passaram a comer comida caseira. “Até o cão foi afetado. É a primeira vez que as pessoas estão racionalizando o uso de ração”, afirma a diretora. Ela explica que o consumidor continua oferecendo ração industrializada para o animal, mas intercala as refeições com comida caseira para economizar.
 
Da Agência CNM, com informação da Agência Estado