Segundo relatório da Epagri, as perdas na produção de milho por conta da estiagem chegam a 4,1% em Santa Catarina. Com isso, a estimativa de produção da primeira safra de milho em Santa Catarina deve cair de 2,78 milhões de toneladas para 2,67 milhões de toneladas. Em algumas regiões, como o Meio-Oeste, esta projeção é ainda pior, com as estimativas de perdas na produção chegando a 19%.
O milho é a cultura mais afetada pela seca porque parte das lavouras ainda está em fase de plantio, que também tem sido atrasado devido à falta de chuvas. De acordo com o relatório, na quarta semana de outubro, 73% da 1ª safra deste ano estava plantada. No mesmo período de 2019 esse índice estava em 83%. Em outras culturas como arroz e fumo, onde o plantio está mais avançado, as perdas não chegam a 2%.
Outra preocupação causada pela estiagem é com a qualidade dos grãos. A Epagri estima que, do milho plantado, apenas 56,5% apresenta uma condição boa, enquanto 30,9% apresenta uma condição média e 12,6% ruim.
“A falta de chuvas mais uma vez começa a atrapalhar a vida do agricultor catarinense. A estiagem começa a tirar a produtividade do milho, que foi plantado tanto para silagem quanto para comercial. As sementes não germinaram como deveria ser. Com certeza teremos perdas lá na frente”, destacou o vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de SC (Faesc), Enori Barbieri.
A situação tem chamado a atenção do governo do Estado. Nesta quinta-feira (5), a governadora interina, Daniela Reinehr se reuniu com o comitê de crise contra a estiagem e representantes do agronegócio para discutir estratégias de combate à falta d’água. Segundo o Executivo, o foco será garantir o abastecimento de pequenas propriedades.
“É uma das piores crises dos últimos anos. Chegamos a um momento mais crítico. […] Pega boa parte da região Meio-Oeste, Oeste e Extremo-Oeste, ali o impacto é grande. Já com rios que estão se transformando em riachos”, destacou o secretário de Estado de Agricultura e Pecuária, Ricardo de Gouvêa.
Pecuária
A estiagem também está afetando a pecuária catarinense. Atualmente 2 mil famílias estão recebendo abastecimento complementar de água nas propriedades para produção animal. Com a falta de abastecimento, os rebanhos perdem peso, diminuem a produção de leite, e em situações extremas, há risco de morte para os animais.
Além dos produtores familiares, as agroindústrias também enfrentam problemas de abastecimento. Plantas da BRF, Aurora, e da Seara/JBS em cinco cidades de Santa Catarina (Concórdia, Ipumirim, São Miguel do Oeste, Seara e Xaxim) estão recorrendo a abastecimento complementar de água.
Para os próximos dias, a governadora espera fechar uma ajuda financeira do governo federal, por meio do Ministério do Desenvolvimento Regional, para combater os danos da estiagem.
“Vim com uma resposta muito importante de Brasília em relação à Defesa Civil, que antes era focada nas pessoas e a gente conseguiu esse apoio para conseguir focar também na produção animal”, destacou Daniela.