Um novo modelo de Horta Comunitária, tendo como projeto-piloto a horta do bairro Universitário, foi inaugurada nesta terça-feira (6 de dezembro). A comunidade, juntamente de autoridades como o vice-prefeito Juliano Polese, o secretário municipal de Agricultura e Pesca, Thiago Cordeiro e a idealizadora do projeto e diretora do Meio Ambiente, Silvia Oliveira, celebraram o novo conceito de integração e colaboração de todos em prol de um bem comum.
O espaço, onde hoje funciona a horta através do projeto Colheita Feliz, da Secretaria de Agricultura, já foi depósito de lixo. As pessoas que atuavam como líderes comunitários e cuidavam da horta apresentaram problemas de saúde, os impossibilitando de continuar o trabalho.
A partir de então, surgiu uma nova proposta de união de todos os moradores do bairro e parcerias como a Escola S, com participação dos alunos do ensino médio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e Serviço Social da Indústria (Sesi), o Projeto Lixo Orgânico Zero e Epagri, com o objetivo de dar continuidade à horta. “As melhores coisas acontecem quando nos unimos. Aqui teremos o exercício da cidadania na comunidade. Será um desafio manter o portão aberto a todos, mas acredito muito no senso de união”, comenta a coordenadora, Silvia Oliveira.
Neste modelo de cooperação, todos podem colher as hortaliças, desde que trabalhem na manutenção da horta. Pode ser regando, capinando, plantando, fazendo compostagem ou tirando os matos indesejáveis. Cuidando de um metro de horta, já poderá ter acesso às hortaliças que estiverem prontas para o consumo.
O projeto conta com o bom senso de cada um, pois no local não haverá guardas ou vigias. O portão será fechado apenas com um laço de tecido para que animais não entrem e acabem estragando os canteiros. “É uma ação que melhora a vida das pessoas. Ficamos empolgados com este movimento de integração nas comunidades, estreitando laços e colaborando uns com os outros”, salienta o vice Juliano.
Exemplo a ser seguido por outras comunidades
O Município conta com aproximadamente 50 hortas comunitárias espalhadas entre os bairros. As mudas são fornecidas pelo Município, por intermédio do Horto Municipal do bairro Guarujá, mantido pela Secretaria da Agricultura e Pesca, e disponibilizadas pelo Projeto Lixo Orgânico Zero.
A ideia é que este conceito de colaboração da comunidade seja aderido também nas demais hortas. “Que este exemplo se reproduza e cada vez mais pessoas se envolvam no projeto. Ficamos felizes ao ver a juventude colocando a ‘mão na terra’. No Horto Municipal cultivamos e distribuímos aproximadamente cem mil mudas de hortaliças. Além das mudas que são entregues à comunidade, também fornecemos alimentos às famílias em vulnerabilidade social”, destaca o secretário da Agricultura e Pesca, Thiago Cordeiro.
Parcerias que dão certo
Estão dentro do projeto os alunos de 1º, 2º e 3º ano do ensino médio, pois a Escola S possui a disciplina de Projeto Livres na grade curricular, componente do Ensino Médio Integrado com o Itinerário de Educação Básica, nos dois anos finais do ensino médio e, em Lages, está vinculado às hortas. Atualmente são quatro turmas de ensino médio, totalizando 120 alunos. Todas irão atuar nas hortas, contudo, em 2022 a preferência é do “terceirão”, devido à época de despedida da Escola. A Escola S também possui ensino técnico.
Este trabalho prático na horta do bairro Universitário iniciou em junho de 2022, a partir de visitas ao aterro sanitário, no distrito de Índios, a outras hortas e à Cooperativa de Trabalho dos Catadores de Materiais Recicláveis de Lages (Cooperlages), situada no bairro São Miguel. Então a Escola S, a partir do conhecimento da realidade durante o passeio do Projeto Conhecendo os Destinos do Lixo, da prefeitura, optou em realizar alguma ideia para mudar o panorama da questão do lixo.
A jovem Cecília do Nascimento Lugon está “mergulhada” nesta nova missão no ano precedente à faculdade. “Este projeto vem se desenvolvendo desde o ano passado. Partiu de uma ideia do segundo ano em 2021. Para a gente começar a vir para cá no espaço físico dependeu de passar por um processo e análise, e teve todo o problema da pandemia (novo coronavírus – Covid-19), que atrapalhou. Faz uns dois meses que a gente vem, teve um fim de semana que a gente veio e fez canteiro com a comunidade. Realmente é uma novidade para mim. Muito bom que tenha sido envolvida a Escola inteira até porque é bom quando a gente consegue ligar dois polos. Uma parceria que vai ser bacana demais”, comemora a adolescente.
O futuro engenheiro mecânico, Gustavo Borba dos Santos Branco, acompanha o projeto desde o segundo ano do ensino médio. “Ano passado só fizemos a prototipagem em modo automatizado e em maquete. É um aprendizado para a gente porque grande parte não tem essa vivência com horta, essa parte de mexer com plantas e é ótimo poder ajudar as pessoas do bairro a ter uma forma mais fácil e em conta de obter o seu alimento”, diz.
Por Aline Tives, colaboração Daniele Mendes de Melo